A caderneta de poupança ganhou 50,4 milhões de contas de maio a dezembro de 2020, período que coincide com os meses em que foi feito o pagamento do auxílio emergencial. Segundo dados do FGC (Fundo Garantidor de Créditos), 46,6 milhões das novas cadernetas (93%) possuíam depósitos no valor de até R$ 5.000 no final do ano passado. Respondiam, no entanto, por apenas 11% da captação (diferença entre saques e depósitos) no período.
Os números confirmam que parte do auxílio foi poupada para formar uma reserva para os trabalhadores informais beneficiados pelo programa. O montante acumulado por essas pessoas, no entanto, tem capacidade limitada para compensar o fim do auxílio. Em dezembro do ano passado, as contas com saldo de até R$ 5.000 possuíam, na média, R$ 415 disponíveis (a cota do auxílio terminou o ano em R$ 300). Os dados do FGC mostram que quase metade do que foi poupado naquele período está em contas com saldos de R$ 20 mil a R$ 150 mil. Ou seja, a maior parte da poupança veio das classes de maior renda.
Embora o auxílio tenha sido pago a algumas pessoas que já possuíam um saldo elevado na poupança, ele não teria poder para elevar muito essas reservas. Aqueles que receberam todas as nove parcelas do auxílio poderiam ter poupado R$ 4.200, se não tivessem gastado nada. O valor chega a R$ 8.400 nas famílias com direito a duas cotas.